domingo, 13 de maio de 2007

A feia e horrorosa política brasileira

Como distinguir a honestidade, a sinceridade do exibicionismo barato? Esse furdunço que aconteceu, entre os deputados Clodovil Hernandes e Cida Diogo, tem conotações muito maiores que essa forma ordinária que os veículos de comunicação estão divulgando.

Durante seu pronunciamento, no plenário da Câmara Federal, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, o deputado Clodovil Hernandes destacou a forma medonha como a mulher está sendo explorada pelos meios de comunicação e a publicidade. Isso é um fato, que pode ser constado na tardes dos sábados e dos domingos, nos programas do Luciano Hurk, Celso Potiori, do Gugu, do Faustão, nos programas de bate-bola, nas propagandas de cervejas, nas de carro, no Big Brother, nas Revistas VIP e Play Boy, na recém extinta Tribuna Circular e em tantos outros veículos de comunicação que circulam por ai.

Até aqui, ele não disse nenhuma inverdade, ao declarar serem essas as condições que as tornam “ordinárias, vulgares, cheias de silicone” e que asa fazem “trabalharem deitadas e descansarem em pé”. Misoginia a parte, concordo em gênero e número com as palavras do ilustre representante do povo na Câmara Federal.

Porque a deputada tomou para si a ofensa? Só pelo fato de também ser mulher? Então ela se iguala a essas vítimas do machismo da nossa sociedade descaradamente patriarcal, que a fé católica ajuda a oprimir ainda mais? A deputada Cida Diogo sabe que ela não é assim. Afinal, para ser político nesse país é preciso ter o buraco bem mais embaixo, né? Não é com silicone que se ganha uma eleição. A deputada sebe que a realidade é tão cruel quanto a que foi pintada pelo seu nobre colega. Ta bom. Não são todas assim. Pero que las hay, las hay.

Em minha opinião, caberia a deputada Cida Diogo, como representante do povo na Câmara Federal, pegar o gancho deixado por seu colega e iniciar uma cruzada em prol de uma melhor condição moral para “essas mulheres”, vítimas da promessa de sucesso meteórico, porém temporário. Há mulheres e há mulheres; às que não são “essas mulheres” cabe a responsabilidade de ensinar, orientar, encaminhar, não importa o quê, a elas serem mulheres e não objetos como elas o vem sendo.

Mas, não. A deputada Cida Diogo optou pelo circo, pelo espetáculo, numa demonstração clara que a sua intenção era o exibicionismo e nada mais. Tal qual uma mulher submissa, ela correu em busca da proteção masculina, no posto da Presidência da Câmara Federal; chegou-se chorosa, buscou uma ressonância de homofobia entre homens, considerados por ela, poderosos, e não buscou ajuda entre seus pares femininos. Aqui para nós, patética seu desempenho; aos prantos dizendo-se vítima de uma agressão.

É ortodoxa minha visão? Talvez, mas são as coisas vistas a partir de uma outra perspectiva.

O deputado Clodovil Hernandes usou, é verdade, duras palavras para expressar sua indignação diante desse cenário apocalíptico que “essas mulheres” se deixam estar. No meu ponto de vista, a imunidade parlamentar garante a ele esse direito, uma vez ser ele digno representante do povo. E aqui para nós, a imunidade parlamentar deve ser aplicada para o debate, e não para acobertar bandidos, ladrões e assassinos, como vem acontecendo agora.

Na verdade o que fica claro, no comportamento da deputada Cida Diogo é uma manifestação explícita de homofobia (ai, sim cabe a expressão). Um homossexual não pode expressar suas opiniões que logo corre alguém se sentindo ofendido? Essa é uma pergunta que não quer se calar.

Eu desconfio. Desconfio, porque não vi nela e em nenhuma das representantes do sexo feminino na Câmara Federal o mesmo desempenho para limpar a Casa do Povo dos deputados envolvidos com o escândalo do “mensalão”. Ao contrário, o que presenciamos foi a “dança da pizza”, feita uma colega sua de partido. Então, roubar os cofres públicos pode? Apontar a condição miserável na qual “essas mulheres” estão submetidas não pode?

Uma outra pergunta que não quer se calar: porque esse barulho todo, na mesma semana em que os deputados estão votando o aumento de seus próprios salários? Com a palavra a nobre deputada.

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