quarta-feira, 16 de abril de 2008

Um para frente, outro, não.

Documento da CNBB abre brecha na hermética maneira da Igreja Católica lidar com as doenças sexualmente transmissíveis e a Aids. Sobretudo, a Aids. A informação é do jornal Folha de São Paulo, que esteve na 46ª Assembléia Geral da Congregação, e teve acesso ao texto, antes mesmo de sua publicação.

De acordo com a reportagem, o documento aprovado pelos bispos sinaliza apoio às “políticas governamentais” no combate ao crescimento do vírus que causa a Aids; embora não especifique quais. A militância aceitou com estranhamento a postura da Igreja, mas viu como positiva a atitude dos bispos.

No entanto, as coisas não estão tão bem quanto parece. O fantasma da homofobia ainda assola e aparentemente não perturba a paz católica. Relatório divulgado pela GGB revela que a cada três dias um homossexual morre assassinado no país por crimes de homofobia. A Ong divulgou relatório em que consta um total de 122 homossexuais e travestis assassinados no Brasil no ano passado.

O número equivale a um aumento de 30% em relação a 2006. 34, só em Alagoas ano passado. 2008 inicia com o registro de mais 4 assassinatos. O relatório registrou ainda um agravante: o Nordeste é a região mais perigosa para os homossexuais. Um gay nordestino corre 84% mais risco de ser assassinado do que no Sul e Sudeste. Homofobia. Este seria uma boa causa para Igreja, que prega o direito à vida.

Nesta terça-feira (15), o Papa Bento 16, pouco antes de embarcar para sua visita oficial aos Estados Unidos, disse que a Igreja vai excluir os padres envolvidos em escândalos sexuais. Segundo o site BBC Brasil, o papa comentou que vai "excluir por completo pedófilos do Santo Ministério", afirmou Bento 16, ao responder a perguntas de repórteres a bordo do avião papal, em Roma, de onde seguiu para Washington.

"É difícil para mim entender como isso poderia acontecer", acrescentou o papa. "Como foi possível que padres traíssem desta maneira a sua missão para com as crianças."

"Estou profundamente envergonhado, e faremos o possível para termos bons padres em vez de muitos padres", disse Bento 16. "Faremos o possível para sanar essa ferida."

É. Mas, a Igreja gastou um total de US$ 2 bilhões em indenizações para as vítimas de abusos sexuais, o que provocou a falência de várias dioceses americanas do norte. Muitos ativistas criticam o suposto acobertamento dos autores de crimes, que teriam sido transferidos para outras dioceses, em vez de denunciados de imediato.

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