terça-feira, 17 de julho de 2007

Pop Lesbian

DISSE-QUE-DISSE E A NECESSIDADE DE DAR UM TEMPO DA TURMINHA

Por Vanessa Ávila*

O nosso meio é tão pequeno que às vezes se faz necessário afastar-se dele. Eu explico: suponhamos que você more em São Paulo e freqüente os tradicionais Bar da Gra, Vermont, Vegas, The Week, Santa Sarah e a Benedito Calixto. Pronto, você já é conhecida, já conhece algumas pessoas, faz a sua turminha ou tem uma turminha. Ao passar de um mês seu nome já está na boca do sapo, pra não dizer na boca do povo da galera. Daí acabam surgindo histórias a seu respeito que nem mesmo você faz idéia do que se trata. De uma hora para outra você já ficou com mais pessoas que imagina, já falou mal de alguém que você nem conhece, já virou a bêbada da balada. O que fazer então? Não vejo muita saída, ou nos acostumamos com a invasão de privacidade e as distribuições de informações da vida alheia, ou nos afastamos dele, mas o que seriam de nós as solteiras sem a balada? Tenho uma amiga novinha de vinte e poucos anos que se descobriu há pouco tempo. Lembro que certa noite ela estava toda feliz porque iria para uma balada. Daí no dia seguinte conversamos e perguntei como tinha sido a noite, então ela respondeu: “Estou cansada da balada, fui e na verdade não queria estar lá, quero namorar, arrumar alguém para sossegar” Não é só a fofoca e o disse-que-disse que cansa, é sempre uma roda gigante onde uma já ficou com aquela que já ficou com a outra que esta afim... Isso gera a distribuição geral de informações, do tipo “fulana beija mal, ciclana é altamente ativa na cama”. Às vezes fico curiosa em saber o que dizem de mim, mas repenso e sinto um certo medo e uma pequena insegurança. Não que o meio hétero seja diferente, mas por ter mais espaços específicos, você sempre pode conhecer pessoas diferentes. Aliás, outro dia fui a uma balada hétero e confesso que me diverti com suas particularidades e com a banda que não tocava somente Ana Carolina, mas também outros cantores e grupos que adoro. Diverti-me sem rostos conhecidos, sem ninguém saber da minha vida, mas lógico, continuei solteira... rsrsrs. Enfim, penso que variar é bom, ficar somente restrita ao meio gay gera informações demasiadas. Dar um tempo de pelo menos um fim de semana relaxa. O disse-que-disse nunca deixará de existir, mas se afastar dele por alguns momentos é essencial. Eu se não corresse creio que enlouqueceria. E você? *Vanessa Ávila é atriz e estudante de Cinema, e-mail: poplesbian@gonline.com.br

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